Andressa Bittencourt (andressabitten@opovo.com.br)
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Nagibe: "o drama humano é universal". Foto: Divulgação |
O instrumento de trabalho do jurista é a palavra. Mas além de leis e códigos, as sentenças do juiz federal Nagibe Jorge também se apoiam em palavras que refletem, além do senso de justiça, o sentimento de compaixão pelo outro.
O paradoxo entre a aparente rigidez do Direito e a fluidez da poesia não é um problema para Nagibe. Há pelo menos 15 anos, ele se dedica aos textos poéticos. 50 desses poemas foram reunidos agora no livro O Amor, a Vida e os Dias, com o qual o juiz faz sua estreia na literatura - antes havia escrito trabalhos técnicos, como o livro Sentença Cível: Teoria e Prática e O Controle Jurisdicional das Políticas Públicas.
“A aproximação entre a poesia e o Direito está na sensibilidade que o jurista deve ter ao interpretar as questões jurídicas”, afirma Nagibe. “Não há como ser juiz sem se sensibilizar com o drama humano, que é universal”. Seja inspirado em sentimentos pessoais, ou tomando para si as dores do outro, o poeta expressa as contradições da vida nas três seções do livro cujos nomes compõem o título do mesmo. “A seção que eu mais gosto é ‘A Vida’. A gente passa por aflições, por angústias, mas a vida não deixa de ser boa”, diz.
A universalidade da temática perpassa toda a obra. Nagibe fala de amor erótico, fraternal e espiritual; e faz críticas sociais, além de chamar atenção para as surpresas da vida. Mesmo sendo a poesia “um gênero pouco lido pelo brasileiro”, o juiz afirma que, com a ajuda da internet, o livro tem tido “boa aceitação”. “As pessoas fazem comentários com interpretações que eu mesmo não teria. É como se a obra ganhasse vida própria, ela vai se ressignificando a partir da leitura que as outras pessoas fazem”, diz.
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