quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Reportagem sobre idosos vence Prêmio Gandhi 2014

Os estudantes de Jornalismo Vicente Neto, Andressa Bittencourt e Larissa Colares foram ganhadores do Prêmio Gandhi de Comunicação 2014 na categoria estudantil "Jornalismo Mídia Eletrônica" com a reportagem televisiva "Direitos do Idoso: Lazer, esporte, educação".

A matéria faz parte do programa "Estatuto do Idoso 10 anos depois", produzido em outubro de 2013 pelos estudantes do Laboratório de Telejornalismo da Universidade Federal do Ceará, com a orientação da professora Kamila Fernandes. Os 10 anos do estatuto foi o gancho para a realização das matérias que tratam sobre a luta dos idosos por moradia, saúde de qualidade, lazer e demais direitos garantidos constitucionalmente.

Confira o programa na íntegra:




A premiação

A solenidade de entrega do Prêmio Gandhi de Comunicação 2014 foi realizada pela Agência da Boa Notícia no dia 30 de outubro, no Auditório Waldir Diogo, da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC). O Prêmio Gandhi contou com 10 categorias, profissionais e estudantis, e distribuiu R$ 48 mil no total.

Nesta sétima edição, foram inscritos 71 trabalhos, sendo 48 de profissionais de rádio, TV, jornal impresso, internet e publicidade e 23 de estudantes de Jornalismo e Publicidade.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Não Conta Lá em Casa: Um trabalho acadêmico

A equipe do Não Conta Lá em Casa: viagens aos destinos mais 
"polêmicos" do mundo

Se alguém dissesse na televisão que o Irã é um país amigável, estruturado e com pessoas gentis e intelectualizadas, talvez ninguém acreditasse. Diante de anos de veiculação preconceituosa na mídia, a imagem desse país tem sido frequentemente associada a guerras, fanatismo religioso, opressão às mulheres, entre outros fatos que no Ocidente são considerados violadores de direitos humanos.

Essa associação, que simplifica uma nação de história milenar aos acontecimentos ocorridos nos últimos 35 anos, corrobora com a propagação de um viés simplório e estereotipado sobre esse país. O senso comum difundido desde a Revolução Islâmica, de 1979, até o polêmico programa nuclear iraniano, já no fim da década de 2000, ofusca a possibilidade de uma análise mais aprofundada – e cética – sobre esse povo.

O poder de construção da realidade exercido pela mídia tem grande relevância nesse processo. A credibilidade dos veículos de imprensa induz o espectador a “comprar” aquilo que está sendo noticiado como verdade, não em razão de o receptor ser alienado, mas sim pelo fato de a carga simbólica recebida ser difícil de contestar. Desde a idealização da pauta até a chegada da notícia ao espectador, que se apropria dela e lhe atribui uma interpretação, as várias significações de um determinado fato cada vez mais se distanciam do que seria essa “verdade”.

Diante de um quadro tão pessimista para a imagem do Irã, eis que surge um programa como o Não Conta Lá em Casa, prometendo mudar, ou pelo menos entender, o senso comum que há sobre o país a partir de suas próprias representações.

Como parte da mídia, o Não Conta Lá em Casa também realiza seu poder de construção da imagem do Irã ao tentar interpretar o cotidiano do país de uma forma diferenciada. Nesse exercício de “nadar contra a maré” é que desponta a real possibilidade de mudança de visão. A iniciativa por si só já é de grande valia, pois facilita a compreensão e a possível desmistificação do preconceito que há sobre o Irã e suas origens.


O outro Irã


"Documentário Jornalístico e Função Social: A contribuição do Não Conta Lá em Casa para a construção da imagem do Irã" é o nome do Trabalho de Conclusão de Curso que analisa o modo como o NCLC enxerga a nação. A viagem ao Irã ocorreu em 2009, durante a primeira temporada do programa.

Diferentemente do estereótipo que o país carrega, o 
Não Conta Lá em Casa tende a fazer quase uma propaganda positiva do Irã. A equipe evoca o senso comum associado a esse povo e, ao longo de encontros, entrevistas, passeios e outros fatos ocorridos naquele breve cotidiano durante o qual Leondre, Bruno, Felipe e André estiveram viajando pelo país, o discurso do NCLC constrói, pouco a pouco, uma nova imagem do Irã.

O viés do discurso do programa vai sendo amenizado a cada etapa da viagem: no início, apenas Felipe e Bruno expressam curiosidade e confiança para ir ao Irã, enquanto os outros temem a viagem; durante as primeiras entrevistas, os quatro se deparam com um povo gentil e afável, diferente da visão preconceituosa que eles próprios tinham; por fim, a atração assume que a viagem ao país foi tranquila e surpreendente, que lá os apresentadores fizeram muitos amigos e que a experiência fora tão boa que poderia se repetir.

A tentativa de desmistificar um estereótipo não é apenas uma forma de suprir uma curiosidade, mas sim de ser responsável. Mostrar uma faceta desconhecida de uma nação frequentemente associada a fanatismo e terrorismo é dar voz a ela e permitir que o resto dos povos a conheça para além do senso comum. Isso é o exercício de uma função social.

Informar e, sobretudo, orientar são parte da atividade jornalística e consequência de seu poder de atingir a grande massa. O jornalismo exerce um serviço público quando proporciona ao receptor da mensagem os elementos necessários para que ele possa interpretar determinado assunto e formar um juízo crítico sobre ele. O exercício da função social colabora para um melhor entendimento dentro de uma comunidade e também entre os povos em relação à temática tratada, impulsionando, ainda, a ação em torno no bem comum.

Não Conta Lá em Casa dá sua contribuição para o exercício de uma função social no jornalismo quando possibilita ao espectador refletir sobre o Irã de outra maneira, mesmo que de forma ocidentalizada. A tentativa do documentário de mudar uma imagem há décadas marcada por estereótipos e preconceitos já é uma forma de contribuir para a democracia entre os povos, sendo uma forma, portanto, de exercer uma função social.



A monografia

A pesquisa "Documentário Jornalístico e Função Social: A contribuição do Não Conta Lá em Casa para a construção da imagem do Irã" está disponível para download. Abaixo, uma breve explicação sobre o tema.




sexta-feira, 31 de outubro de 2014

TURISMO. Time sharing é uma opção para as férias

Sistema permite que o turista faça um "intercâmbio de férias", conhecendo cidades e países diferentes a cada ano pagando um preço fixo

Andressa Bittencourt (andressabitten@opovo.com.br)

Gorete (centro), com o marido e os três filhos em Buenos Aires.
Foto: Arquivo Pessoal

Imagine passar férias em uma cidade ou país diferente todos os anos, pagando um preço fixo pela hospedagem, além das passagens aéreas. Foi isso o que fez a comerciante Gorete Moura, 52, que aderiu com a família ao sistema de time sharing - também chamado “tempo compartilhado” ou “intercâmbio de férias” -, que consiste em adquirir o direito de usufruir diárias em um ou mais hotéis conveniados, pelo preço e tempo contratados.

Todos os anos, Gorete e a família viajam para conhecer cidades do Brasil. Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Natal são algumas pelas quais a família já passou nos últimos dez anos, a partir de quando adquiriram o primeiro pacote de intercâmbio de férias. Também já passaram uma semana em Buenos Aires, na Argentina.

Apenas quanto aos destinos internacionais é que a família faz ressalvas, uma vez que taxas extras são cobradas, como explica a estudante de Odontologia Janaina Moura, 26, filha de Gorete. “Mesmo que às vezes tenhamos que pagar a mais (para um quarto triplo, por exemplo), de um modo geral vale a pena”.

Assim como Gorete, quem se interessa em fazer esse tipo de programa pode encontrar companhias especializadas. RCI é uma delas, empresa norte-americana responsável pelo intercâmbio de férias entre mais de 4.600 empreendimentos em quase 100 países.

Segundo a RCI, é difícil determinar a variação de preços do time sharing, pois cada hotel afiliado é responsável por seus valores. Porém, é possível afirmar que existem no mercado programas que podem custar de R$ 7 mil a R$ 480 mil.

No Brasil, um dos destaques no setor é o Beach Park, que possui um programa de pacotes de intercâmbio de férias chamado Vacation Club. Cristiano Lemes, coordenador de marketing e vendas, afirma que o time sharing é mais econômico para o turista porque a compra das diárias é feita no “atacado”, ou seja, várias são adquiridas de uma vez. Pagando antecipadamente, o turista escapa das variações de tarifas.

Cuidados

Mas o time sharing requer alguns cuidados. Quem se interessar em aderir a um pacote em outro país deve estar atento à legislação consumerista, como alerta o advogado e economista Gustavo de Pauli Athayde.

Ele explica que esse tipo de negócio, em regra, é feito por meio de contrato de adesão, cujas cláusulas são pré-estabelecidas pelo vendedor, o que dificulta a discussão de condições após a compra. Por isso, é necessário analisar atentamente o contrato antes de assiná-lo, não fazer a aquisição por “impulso”.

O Código de Defesa do Consumidor garante a compensação na hipótese de o consumidor ter direitos ofendidos em razão do contrato de time sharing. A legislação prevê a possibilidade de arrependimento injustificado no prazo de sete dias (quando a contratação ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio), além da possibilidade de rescisão do contrato, mesmo após esse prazo, com a devolução integral dos valores pagos caso haja falha na prestação do serviço ou o não cumprimento nos termos ofertados.

É possível também a rescisão quando o consumidor é pressionado a contratar ou quando lhe são fornecidas informações inadequadas sobre o serviço.

Fractional

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih-CE), Darlan Teixeira, explica que o time sharing chegou ao Brasil há cerca de 30 anos - por meio do fractional, modelo similar.

Porém não houve a aceitação do público como se esperava. Isso porque, segundo Darlan, o sistema original, ainda existente, exige o pagamento de alto valor para adquirir cota da unidade do hotel.

A psicóloga Bernadeth Andrade adquiriu há quase 20 anos o fractional de uma unidade em um resort em Orlando (EUA). Ela diz que era vantajoso, mas os custos foram aumentando. “Tentamos nos desfazer da unidade, mas eles colocam muitos empecilhos”, diz.


Beach Park é um dos destaques no Brasil


Desde 2006, o Beach Park oferece pacotes de time sharing com o programa Vacation Club. Segundo Cristiano Lemes, desde que foi implantado até hoje, o programa conta cada vez mais com a adesão do público nacional. De 30 a 40% dos que buscam se informar acerca dos pacotes se afiliam; hoje, são 14 mil associados ativos, exigindo a reserva de 49% da ocupação dos hotéis do Beach Park para o Vacation Club.

O cliente compra o direito de passar de 7 a 30 semanas no resort, que deve acontecer em até dez anos pelo sistema de pontos. À medida que as semanas vão sendo usufruídas, os pontos adquiridos são debitados até terminarem. A época do ano e a quantidade de pessoas que irão influenciam na quantidade de pontos descontados.

O turista também tem a possibilidade de passar as semanas em outros hotéis do Brasil ou de outros países que sejam afiliados à RCI. É preciso, porém, que haja disponibilidade nesses hotéis e que as reservas sejam feitas com antecedência.

Sem mencionar valores, Cristiano diz que, além do montante pago antecipadamente, a cada semana utilizada ainda é cobrada uma taxa de ocupação. O intercâmbio feito com outros hotéis, em regra, também demanda o pagamento de valores extras.

Por enquanto, apenas residentes no Brasil podem contratar o programa. O coordenador de marketing destaca, no entanto, que a ideia é possibilitar em breve que os domiciliados fora do País também possam aderir ao Vacation Club.



BATE-PRONTO
Maria Carolina Pinheiro, diretora geral da RCI Brasil

O POVO - Quais as perspectivas de desenvolvimento do time sharing no Brasil?
Maria Carolina - O mercado está bastante aquecido. Ano passado, nós colocamos 17 novos empreendimentos e este ano foram 22. Hoje já existem grandes players fazendo time sharing, como Beach Park e Rio Quente Resorts. Mas nós estamos engatinhando, temos grande perspectiva de crescimento. A quantidade de contratos aumenta a cada ano.

OP - De que forma o setor hoteleiro se beneficia?
Maria Carolina - Na venda antecipada das diárias. Ele vai antecipar o fluxo de caixa e ter ganho financeiro grande. Vai fidelizar o cliente e trabalhar a questão da oscilação da ocupação. Você não deixa de ter a hotelaria convencional, na verdade tem mais um canal de comercialização.

OP - De que forma o público brasileiro responde ao time sharing?
Maria Carolina - O retorno no público tem sido positivo. A pessoa compra como se fosse um “seguro de férias”: você faz uma poupança, paga um pouco por mês e tem direito a ter as férias garantidas por um período de 10, 15 anos, dependendo do produto que você comprar. É uma forma de planejar as férias no futuro.

Link:


REFORMA TRIBUTÁRIA. Ao menos oito PECs tramitam no Congresso

As oito Propostas de Emendas à Constituição tratam de criação, simplificação ou unificação de impostos

Andressa Bittencourt (andressabitten@gmail.com)

Imposto de Renda, ICMS, Pis, Cofins e IPI são alguns dos impostos que fazem o Brasil ter a segunda maior carga tributária da América Latina - em uma lista de 18 países -, segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O levantamento revela que os impostos pagos correspondem a 36,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.

A alta carga tributária brasileira suscita há vários anos a necessidade de uma modificação na quantidade e na forma como os impostos são cobrados. A reforma tributária já foi objeto de discussão nos governos FHC e Lula. No primeiro mandato de Dilma Rousseff, a presidente destacou ser necessário realizar “mudanças pontuais” no sistema de impostos em vez de uma alteração ampla. Com a reeleição, afirmou que a reforma será prioridade, iniciando com a simplificação.

Segundo o economista e professor em Política Social da Universidade de Brasília (UnB), Evilasio Salvador, o termo “reforma” passou a ser chamado banalmente como sinônimo de “alteração da Constituição”.

Nesse sentido, pelo menos oito Propostas de Emenda à Constituição relacionadas a uma “reforma tributária” tramitam no Congresso Nacional - todas elas na Câmara dos Deputados. As principais disposições tratam da simplificação e criação de impostos, além da unificação de algumas contribuições no Imposto sobre o Valor Adicionado Federal (IVA-F).

O professor, no entanto, critica as tentativas de reforma existentes. “Esse termo deveria ter o sentido de ‘dar mais direitos às pessoas’, mas, no Brasil, significa o contrário. Os princípios tributários da Constituição são muito avançados e justos, mas a legislação infraconstitucional tornou o sistema oneroso”.

De acordo com a professora de Direito Tributário da FGV Direito Rio, Melina Rocha Lukic, o maior problema brasileiro é a ineficiência e a desigualdade causada pelo método de arrecadação. Por ser baseado no sistema regressivo (com a cobrança de impostos indiretos, ao contrário do progressivo, que tem base na cobrança direta sobre a renda e o patrimônio), a tributação brasileira acaba onerando os contribuintes de menor poder aquisitivo.

“Os impostos progressivos podem ser utilizados para cobrar mais de quem pode e menos de quem não pode, fazendo uma redistribuição. Porém, o nosso sistema é baseado sobre consumo e produção. Todos, ao consumirem, pagam o mesmo valor”.

Uma das formas de mudar essa realidade, segundo Melina, seria a unificação de alguns tributos em um só, com a criação IVA-F, e o aumento da progressividade dos impostos, como ocorre em diversos países desenvolvidos.

Evilasio crê que a reforma não sairá “do papel” tão cedo, diante do conflito sobre quais entes federativos - União, Estados ou Municípios - serão beneficiados com a arrecadação. “Não haverá, de fato, uma reforma tributária a menos que haja pressão popular”.


DICIONÁRIO

Tributos Diretos: São aqueles que incidem sobre a renda e o patrimônio, tendo alcance apenas para o contribuinte, que sabe o valor que deve ser pago. Exemplo: Imposto de Renda.

Tributos Indiretos: São os que incidem sobre a produção e o consumo de bens e serviços, refletindo nos preços dos produtos adquiridos pelos consumidores. Em regra, o contribuinte não sabe quanto paga de imposto por cada produto consumido. Exemplo: IPI.


PROPOSTAS

Algumas das Propostas de Emendas à Constituição (PECs) sobre reforma tributária que tramitam no Câmara dos Deputados

PEC 110/1992
Projeto:
Promove ajuste fiscal; unifica impostos de forma a reduzi-los de 15 para oito, definindo quais serão cobrados pela União, estados e municípios; permite a cessão de parcelas da receita tributária da União para estados e municípios e dos estados para os municípios de maneira a permitir a descentralização administrativa. Altera artigos da Constituição.
Situação: Pronta para pauta no plenário
Última movimentação: Julho de 2003

PEC 31/2007
Projeto
: Altera o Sistema Tributário Nacional, unifica a legislação do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação, dentre outras providências.
Situação: Pronta para pauta no plenário
Última movimentação: Abril de 2007

PEC 62/2007
Projeto
: Proposta chamada de “Minirreforma ou Reforma Tributária” (Desmembramento da PEC nº 285, de 2004). Prevê alíquotas uniformes do ICMS em todo o território nacional, por mercadoria, bem ou serviço, em número máximo de cinco.
Situação: Aguardando Parecer do Relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC)
Última movimentação: Novembro de 2007

PEC 233/2008
Projeto:
Simplifica o Sistema Tributário Federal, criando o Imposto sobre o Valor Adicionado Federal (IVA-F), que unificará as contribuições sociais: Cofins, Pis e Cide-combustível; extingue e incorpora a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) ao Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ); estabelece mecanismos para repartição da receita tributária; institui um novo ICMS que passará a ter uma legislação única, com alíquotas uniformes, e será cobrado no estado de destino do produto; desonera a folha de pagamento das empresas, acaba com a contribuição do salário-educação e parte da contribuição patronal para a Previdência Social.
Situação: Apensada à PEC 31/2007
Última movimentação: Abril de 2008


sábado, 18 de outubro de 2014

ACQUARIO. Captura de espécies será feita no segundo semestre de 2015

A perspectiva é que 500 espécies farão parte do Acquario Ceará, que deve ser aberto para visitação em 2016. A captura de espécies nativas será feita sob responsabilidade do Centro de Estudos Ambientais Costeiros do Labomar

Andressa Bittencourt (andressbitten@opovo.com.br)


As 500 espécies que farão parte do Acquario Ceará devem começar a ser capturadas entre junho e agosto de 2015 - um ano antes da inauguração do equipamento -, afirmou Philip Mayfield, diretor aquarista da ICM Reynolds, empresa responsável pela supervisão técnica da obra. Ele explicou como será feito o processo de captura e importação das espécies.

Mayfield estima que deve haver entre 3 e 5 mil animais “principais”, como os tubarões e peixes maiores, porém faz a ressalva de que o número pode aumentar dependendo do quão sucedido será o processo de coleta.

“Temos que estar atentos quanto à época do ano, pois alguns animais só se reproduzem em determinado período”, afirmou. A ideia é capturar o máximo possível de espécies locais, mas haverá também a importação de animais de outros estados do Brasil e de outros países, como Estados Unidos, Indonésia, Somália e Malásia.

Das 500 espécies que farão parte do Acquario Ceará, cerca de 70 serão animais. A captura será feita por meio de curral de pesca ou isca. Todo o processo de coleta será acompanhado por profissionais.

Treinamento

Segundo Rodrigo Caminha Barbosa, diretor de operações da ICM, está sendo considerada a possibilidade de trazer consultores de Lisboa e da Flórida para treinamento das equipes cearenses. A captura de espécies nativas será feita sob responsabilidade do Centro de Estudos Ambientais Costeiros do Labomar (Ceac) em parceria com entidades locais, como a importadora e exportadora de peixes ornamentais H&K e a Piscicultura Tanganyika.

De acordo com Manuel Furtado, secretário adjunto da Secretaria de Pesca e Aquicultura do Ceará e ex-diretor do Instituto de Ciências do Mar da Universidade Federal do Ceará (Labomar), a estimativa de que apenas 20% das espécies coletadas sejam cearenses pode aumentar. “Isso vai depender da nossa capacidade de captura e manutenção. Quanto mais coletarmos animais aqui, mais se desenvolverá a cadeia produtiva local”, disse.

O transporte dos animais será feito via aérea, aquática e terrestre. Os nativos serão transportados por pequenas embarcações, enquanto os animais que virão de locais mais distantes devem vir de avião. As espécies oriundas de outros estados brasileiros próximos do Ceará podem ser transportadas de caminhão.


Importação
Transporte de animais causa preocupação


Segundo Philip Mayfield, a taxa de mortalidade de animais durante o processo de importação é menor que 1%, diferentemente dos quase 50% que ocorriam há 30 anos. Ele explica que existem cuidados especiais para o transporte das espécies, o que encarece o processo de importação.

De acordo com Mayfield, alugar um avião cargueiro para trazer animais da Miami, por exemplo, considerando as condições de temperatura e oxigenação, chega a custar US$ 250 mil.

O titular da Secretaria do Turismo do Ceará (Setur-CE), Bismarck Maia, afirmou que ainda não há um valor de investimento definido exclusivamente para a captação e transporte de animais, o que só será determinado após a licitação que definirá a empresa responsável pela gestão do Acquario.

Na próxima segunda-feira, o secretário encaminhará à Procuradoria Geral do Estado do Ceará o termo de referência com todos os planos de gestão para que seja aberta a licitação, que deve durar de 60 a 90 dias. (AB)

Links:
http://www.opovo.com.br/app/opovo/economia/2014/10/18/noticiasjornaleconomia,3333102/captura-de-especies-sera-feita-no-segundo-semestre-de-2015.shtml
http://www.opovo.com.br/app/opovo/economia/2014/10/18/noticiasjornaleconomia,3333103/transporte-de-animais-causa-preocupacao.shtml

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

CONDOMÍNIO. STJ decidirá quem responde pelas dívidas de condomínio

STJ determinará quem deve arcar com dívidas condominiais no caso de venda do imóvel - alienante ou adquirente

Andressa Bittencourt (andressabitten@opovo.com.br)

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Luis Felipe Salomão, submeteu à Segunda Seção da corte o Recurso Especial que discute quem tem legitimidade – vendedor ou adquirente – para responder por dívidas condominiais na hipótese de alienação da unidade. O julgamento deve dar ênfase aos casos que envolvam promessa de compra e venda de imóvel não levada a registro.

O caso em questão aconteceu no Rio Grande do Sul e se trata de uma disputa em que o comprador do imóvel alega não ter responsabilidade sobre as dívidas condominiais anteriores à aquisição.

O Código Civil determina que o adquirente do imóvel responde pelos débitos do alienante, mesmo que as dívidas condominiais tenham sido contraídas antes da compra. No entanto, para que esse preceito tenha validade, é necessário que o imóvel passe para o nome do comprador, o que deve ser feito em cartório. É aí que está o conflito.

De acordo com André Luiz Junqueira, advogado e autor do livro “Condomínios: Direitos & Deveres”, a prática de comprar imóveis e não registrar a transação em cartório é bastante comum e, mesmo com a clara determinação do Código, os tribunais não possuem entendimento uniforme sobre a responsabilidade pelo pagamento do condomínio.

“Alguns julgadores entendem que o devedor é o proprietário que consta no registro imobiliário e outros sustentam que, independentemente do que consta no registro, o devedor é aquele que está na posse no imóvel“, explica.

O presidente da Comissão de Direito Imobiliário da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE), Rodrigo Costa, defende que o contrato feito “particularmente” entre o proprietário da unidade e o adquirente, sem que se dê publicidade, não tem valor, isto é, a responsabilidade sobre dívidas condominiais permanece sobre quem consta como titular do imóvel.

O advogado Roberto Pereira Nunes, por outro lado, destaca que o comprador de má-fé pode se beneficiar dessa situação. Uma vez que é dever dele registrar a promessa de compra e venda, caso não o faça, acaba “se eximindo” de arcar com ônus posteriores.

Para Junqueira, o julgamento do STJ terá grande impacto. Ele argumenta que, caso o comprador que não consta no Cartório de Registro Imobiliário seja considerado como proprietário – e, portanto, devedor do condomínio –, o registro passa a não ter nenhuma utilidade, tendo em vista que a posse é que determinaria quem é “condômino”.

Julgamentos suspensos
Pelo alcance que a decisão pode ter, todos os julgamentos de recursos que tratam da mesma questão ficam temporariamente suspensos no STJ, nos Tribunais de Justiça e nos Tribunais Regionais Federais. Após a definição da corte superior, não serão admitidos para julgamento recursos que sustentem tese contrária.

A próxima reunião da Segunda Seção do STJ deve acontecer na quarta-feira, 22. O julgamento será uma das pautas de discussão, mas não necessariamente será concluído ainda nesse dia.

DÍVIDAS
Adquirente do imóvel deve ter cuidados para não ser cobrado

O advogado André Luiz Junqueira explica que, em regra, o dever de contribuir com as despesas do condomínio é do proprietário, ou seja, da pessoa cuja escritura de aquisição da propriedade esteja registrada em Cartório.

Entretanto, diante do entendimento não unânime dos tribunais, o adquirente de boa-fé deve se precaver e adotar algumas medidas para que não seja cobrado indevidamente.

“Ele deve exigir a declaração de quitação de débitos condominiais emitido pelo próprio condomínio (pelo síndico ou pela administradora) e, obviamente, também não deve comprar imóvel de pessoa cujo nome não esteja do Registro Imobiliário”, alerta André.

O comprador também pode se certificar que aquele imóvel possui pendências, consultando a matrícula no Cartório de Registros de Imóveis, como destaca Roberto Pereira Nunes.

”Contrato de gaveta”O advogado Rodrigo Costa ressalta que, no caso da venda de unidade de imóvel feita particularmente entre alienante e adquirente, a construtora também deve ter ciência do acordo para dar anuência, a fim de que o “contrato de gaveta” tenha validade.


Dicionário

Recurso Repetitivo
- Representa um grupo de recursos que possuem teses idênticas, ou seja, têm fundamento na mesma questão de direito. É também chamado de “recurso representativo de controvérsia”. Quando o STJ determina que fará uma apreciação em repetitivo, todos os demais recursos “idênticos” têm seus julgamentos temporariamente suspensos. Após o pronunciamento definitivo do Tribunal sobre a matéria, os recursos suspensos serão julgados conforme o entendimento do STJ, não sendo mais admitida a interposição de Recursos Especiais que sustentem tese contrária.

Contrato de gaveta - Contrato não oficial, que somente tem existência perante as partes, comprador e vendedor. É um contrato de elevado risco que esconde uma situação irregular perante a lei. De “gaveta” é porque ele fica oculto, sem ninguém saber, diferentemente do contrato registrado, que é público e acessível a todos.

O que diz a lei
Código Civil
Art. 1.245.
Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis.
§ 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel.

Art. 1.345. O adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante, em relação ao condomínio, inclusive multas e juros moratórios.

Links: http://www.opovo.com.br/app/opovo/leisetributos/2014/10/17/noticiasjornalleisetributos,3332758/stj-decidira-quem-responde-pelas-dividas-de-condominio.shtml

http://www.opovo.com.br/app/opovo/leisetributos/2014/10/17/noticiasjornalleisetributos,3332760/adquirente-do-imovel-deve-ter-cuidados-para-nao-ser-cobrado.shtml

terça-feira, 14 de outubro de 2014

TERRENOS IRREGULARES. Suspensão brasileira é mais resistente

As condições das estradas brasileiras demandam da suspensão do veículo mais tolerância a impactos. Montadoras adaptam a junção das peças às necessidades do mercado

Andressa Bittencourt (andressabitten@opovo.com.br)

Menos de 12% das estradas implantadas no Brasil são pavimentadas, segundo dados da Pesquisa CNT de Rodovias 2013, realizada pela Confederação Nacional do Transporte. Isso quer dizer que o brasileiro enfrenta, em boa parte da malha rodoviária, condições de tráfego adversas. Para se adequar a essa realidade, as fabricantes adotam sistema de montagem diferenciado nas suspensões dos modelos produzidos no País.

A suspensão é um sistema composto por pneus, amortecedores, molas, batentes, entre outras peças. O conjunto tem a função de manter a estabilidade do automóvel, absorvendo o impacto ocasionado pelas irregularidades do solo.

Devido às particularidades da pavimentação brasileira, as suspensões são adaptadas a fim de evitar o desgaste precoce e manter a segurança do veículo. De acordo com o gerente de Engenharia e Dinâmica Veicular da Ford, Gilberto Geri, os componentes de suspensão são os mesmos usados nos demais países, mudando apenas a forma como as peças são montadas, um processo chamado “sintonização” ou “tuning”.

Por meio desse procedimento, a suspensão pode ficar mais “dura” ou mais “macia”. A primeira é ideal para os pavimentos lineares, enquanto a outra se adequa aos terrenos irregulares. As molas, por exemplo, podem ter a rigidez regulada, e as válvulas internas dos amortecedores podem ser trocadas para que o movimento do veículo seja mais ou menos limitado.

Segundo Maro Rogér Guérios, professor de Engenharia Mecânica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, os carros fabricados no Brasil normalmente apresentam suspensões mais altas e mais macias que os modelos europeus similares. “Os carros importados no geral não sofrem alterações, mas tendem a apresentar menos conforto ao rodar”.

Chão batido

“Chão batido”, calçamento e desníveis no solo são alguns fatores que o assessor técnico da Fiat Chrysler, Ricardo Dilser, atribui para a maior “exigência” das suspensões brasileiras em relação a outros países. “O Uno, lançado em 1986, trazia uma suspensão traseira diferente do modelo italiano, assim como o Tempra, para serem mais robustas. Os projetos mais novos, como Novo Uno, Novo Palio e Grand Siena já nasceram com suspensões feitas para o Brasil”.

Além das adaptações, algumas montadoras criam versões exclusivas de modelos para o País. Exemplo disso é o Renault Sandero Stepway. Segundo Marcus Vinicius Aguiar, diretor de relações institucionais da Renault e diretor técnico da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, o Stepway tem a suspensão mais elevada e pneus mais robustos. O modelo foi criado com a finalidade de atender mercados como o brasileiro.

As montadoras não admitem que as adaptações trazem custos ao consumidor. Analistas afirmam que sim.




O consumidor

Segundo Ricardo Dilser, a adaptação das suspensões ao mercado brasileiro não leva apenas em conta a condição das estradas, mas também a exigência do consumidor. “O brasileiro não abre mão da estabilidade e quer o máximo de conforto possível”, afirma.

Cada modelo tem uma especificidade e a suspensão será adaptada para cada propósito. Gilberto Geri exemplifica: “A plataforma da suspensão do Ford Fiesta e do Ecosport é a mesma. Porém, o consumidor do Fiesta espera um desempenho diferente que o consumidor do Ecosport. Um modelo é para andar na cidade, o outro não enfrenta problemas com estradas de terra”.

O professor do Centro de Engenharia Automotiva da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Marcelo Alves, afirma que não importa se o tráfego ocorre em estradas ou na cidade, uma vez que é a qualidade do pavimento e o modo de condução do motorista que influenciam nos cuidados necessários para manter a vida útil da suspensão. Ele faz o alerta: “As recomendações do manual do proprietário devem ser seguidas à risca”.

Portanto, não basta pôr a culpa nas estradas. O motorista deve ter cautela na manutenção do sistema. O chefe de oficina da Beto’s Car, José Paulino de Carvalho, aconselha que, dependendo do uso do carro, é importante fazer uma revisão de suspensão pelo menos a cada 5 mil km rodados.



Números
1.713.885
km é a extensão de estradas implantadas no Brasil

202.589
km correspondem a rodovias pavimentadas

53,1%
da extensão do pavimento foram classificados como Ótimo ou Bom


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