Andressa Bittencourt (andressabitten@opovo.com.br)
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Foto: Reprodução do Youtube |
Esse é o contexto da propaganda “Papelzinho”, do Guaraná Antarctica, que passa por processo ético no Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) desde o dia 19 de fevereiro. O julgamento, que deve acontecer nas próximas semanas, foi impulsionado por cerca de 60 reclamações de consumidores, além de um requerimento aprovado na semana passada pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados.
O argumento em desfavor do comercial alega o incentivo ao bullying contra estrangeiros, uma “prática condenável”, segundo o deputado Marcos Rogério (PDT-RO), autor do projeto, em entrevista ao O POVO.
“Qual é a imagem que o Brasil passa para o mundo? A de um país que incentiva o trote? Que estimula, principalmente para as crianças, que isso é legal?”, questiona. “Fazer trote é ser alguém que não respeita as pessoas, e eu acho que o Brasil não é isso”.
O deputado argumenta ainda que a recepção dos turistas deve ser cordial, acolhedora, sobretudo com a chegada dos visitantes em razão da Copa do Mundo. “Quando eu for conhecer algum país, também não vou querer ser feito de trouxa”, pondera.
O Conar, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que o processo ético contra a propaganda já havia sido instaurado anteriormente ao pedido da CDHM, que também encaminhou o requerimento à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
O Conselho destaca que, se for considerada antiética, é feito uma recomendação para que a propaganda não seja mais exibida. O Conar esclarece, no entanto, que a existência do processo não exige que o anúncio deixe de ser veiculado. Até ontem à noite, era possível assistir ao comercial pelo Youtube (http://bit.ly/1jdAIXe).
A Ambev, por meio de nota, informou que o anúncio deixou de ser exibido na televisão no dia 11 de março devido à entrada na mídia de nova campanha. A empresa comunicou que “em nenhum momento teve a intenção de ofender os turistas ou discriminar quem quer que seja”.
Afirmou ainda lamentar “que a brincadeira de Neymar com seus amigos tenha sido mal interpretada por algumas pessoas e reafirma que o comercial passou por vários testes com consumidores antes de ir ao ar e em nenhum momento houve questionamento ou impressões negativas”.
Diretoras de agências divergem sobre vídeo do Guaraná
A diretora da agência 333 Propaganda, Márcia Travessoni, diz ser favorável à atitude da Comissão. Afirma ser um risco veicular um anúncio como esse. “Fazer brincadeiras entre amigos é uma coisa. Outra é expor nos meios de comunicação de massa”. Ela acredita ser contraditória a forma de retratar os estrangeiros no comercial. “O brasileiro leva as coisas na leveza e às vezes não tem a seriedade de outros países. Quando chegamos lá fora, não somos tratados assim”, diz.
A diretora da Advance Comunicação, Eliziane Colares, discorda. “A propaganda se utiliza de situações do cotidiano. No comercial, é possível perceber que Neymar ‘trola’ os amigos, não qualquer pessoa, e isso é muito comum no dia a dia”. Defende que o vídeo não é suficiente para influenciar a prática do bullying. “O espectador não é bobo. O importante é sempre haver um equilíbrio entre a brincadeira e o respeito”. (Andressa Bittencourt, especial para O POVO)
A Cidadã
Rosanna Rüettinger, 27, alemã, fotógrafa |
"Já vivi situação parecida"
Rosanna Rüettinger vive no Brasil há seis anos. A alemã afirma já ter passado por situação parecida à da propaganda. “Acho difícil analisar um comercial como esse. Ao mesmo tempo que a prática pode ser desanimadora para quem visita o País e quer aprender a língua, esse tipo de brincadeira é muito comum no cotidiano”. A fotógrafa destaca que o trote não é algo só do Brasil. “Por acontecer em muitos países, não fica tão pesado, mas não acho correto”, diz.
Saiba mais
O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) é uma entidade privada constituída por 180 pessoas, entre profissionais da comunicação e pessoas com notável saber técnico acerca do consumo. Avalia produções publicitárias com reclamações de órgãos, autoridades, consumidores e concorrentes.
O Conar não tem competência para imputar multas ou sanções de caráter penal aos anúncios considerados “antiéticos”, apenas recomendando, conforme o caso, que a publicidade seja modificada ou retirada do ar. Embora não tenham força de lei, as decisões do conselho geralmente são cumpridas.
Em 2013, a entidade recebeu 5,6 mil reclamações e instaurou 340 processos éticos.
SERVIÇO
Para fazer reclamações sobre propagandas
Conar: http://www.conar.org.br/
O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) é uma entidade privada constituída por 180 pessoas, entre profissionais da comunicação e pessoas com notável saber técnico acerca do consumo. Avalia produções publicitárias com reclamações de órgãos, autoridades, consumidores e concorrentes.
O Conar não tem competência para imputar multas ou sanções de caráter penal aos anúncios considerados “antiéticos”, apenas recomendando, conforme o caso, que a publicidade seja modificada ou retirada do ar. Embora não tenham força de lei, as decisões do conselho geralmente são cumpridas.
Em 2013, a entidade recebeu 5,6 mil reclamações e instaurou 340 processos éticos.
SERVIÇO
Para fazer reclamações sobre propagandas
Conar: http://www.conar.org.br/
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